sexta-feira, 30 de novembro de 2007

são raimundo nonato - as lições

a vida é feita pra se aprender. de tudo que a gente faz, de tudo que acontece a gente deve tirar lições. algumas a gente até sabe. mas como entre saber e fazer tem uma certa distância... aí vai algumas das lições que tirei nessa viagem pra são raimundo:
1 - dê valor a amizade. tudo fica melhor, tudo fica mais fácil quando se tem os amigos por perto. (se você já sabia disso, valorize ainda mais, pois nunca é demais ter fé nos amigos!!!)
2 - valorize a sua vida. a gente reclama de tudo, mas nunca vê que existem milhões de pessoas que dariam tudo para estar no nosso lugar. para gente "o que é demais nunca é o bastante". é preciso ter mais consciência e valorizar aquilo que temos, aquilo que somos...
3 - fuja da rotina. a rotina aprisiona você, faz com que o tempo pareça passar mais rápido. são raimundo nonato foi algo totalmente inusitado e revelador. uma aventura nunca antes imaginada. posso dizer, sem nenhuma dúvida, que lá o dia tinha 39 horas... e a noite... a noite a gente não perdia tempo dormindo. e olha que no outro dia ninguém tava com sono...
De tudo que aconteceu, posso dizer que amizades tornaram-se mais fortes...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

viagem a São Raimundo Nonato - parte III

já estávamos perto do topo. saltamos algumas pedras. uma pequena escalada... então, o vento soprava. já não havia mais o mesmo calor que tinha lá embaixo... o silêncio era impressionante. podia ouvir os ruídos que a brisa trazia. era eu e mais dez pessoas. finalmente, estava no alto da montanha. olhei e vi... era inacreditável. estava no topo do paredão que tinha avistado e que refletia as luzes do sol. aproximei-me um pouco mais. havia esquecido completamente a minha fobia por altura. olhei e vi algo que pensava ser absurdo. estava no sertão do piauí, no alto da montanha. eu vi o mar no sertão do piauí. ele era branco e se perdia pelo horizonte. meu olhar também se perdia. era um cenário encantador. a paz invadia o meu coração. o silêncio era música. então, fechei os olhos. agradeci muito. por tudo, por todas as coisas que aconteciam na minha vida. rezei. pedi também. quando olhei para o lado, vi que não era apenas eu, todos estavam ali refletindo. aquela escalada nos ensinou, nos fez pensar. a forma como deve ser feito. viver bem. traçar metas, esforçar-se para cumprir, alcançar os resultados, vencer os obstáculos. todo aquele percurso ensinou que para se chegar ao topo é preciso muito suor, muito sacrifício. nada vem por acaso. mostrou, também, que o que parecia ser um lugar sem vida, inóspito, poderia dizer hóstil, na verdade era um dos lugares mais bonitos que já vi. não me esquecerei jamais daquele mar, daquela luz, daquele vento. a forma como via aquilo tudo mudava ali. percebi que pode-se enxergar a vida por diversos ângulos. cada um vai dar-lhe uma visão diferente sobre a realidade, cada um vai lhe contar um história. não posso negar, prefiro esta: a beleza do sertão, a vida, a imensidão do mar branco. porém, não posso esquecer que na vida também existem espinhos, pedras, obstáculos. todos à espera de que alguém venha os desafiá-los. e será preciso se quiser chegar no alto. a tarefa é difícil. enfrente seus medos, teste seus limites e siga em frente. viva. experimente todas as formas de sentir. o mundo está repleto de sensações. abra os braços para o mundo, deixe o vento bater no seu rosto e sinta a sensação mais prazerosa que existe: a de está vivo.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Viagem a São Raimundo Nonato - parte II

estávamos indo para o sítio da pedra furada. finalmente ia conhecer o que se chama de os primórdios da civilização americana. no ônibus, o ar condicionado quebrado fazia com que sentissemos ainda mais o calor daquele lugar. pela janela observava aquela mata seca, cinza, aquele chão rachado. algumas vezes avistava um pouco de verde. parecia que não havia vida por ali. o homem teimava e desafiava o insuportável. a vida ali era extremamente complicada. quando, de repente, vi um grande paredão. ele era lindo. dava um grande realce naquele lugar inóspito. o sol refletia e iluminava ainda mais aquela região. e aquecia mais também. finalmente, chegamos ao local programado. os guias nos propuseram realizar um tour apenas para conhecer as paisagens naturais. quando nós pulamos aquela cerca, devia ter imaginado o que aconteceria. subimos alguns degraus naturais. dávamos início a uma escalada. formamos grupos de 10 e subimos. aquilo parecia ser complicado. cada vez mais longe do chão. tudo aquilo tornava-se, agora, um grande desafio. queríamos testar os nossos limites. dizem que o sofrimento aproxima as pessoas. era verdade. a cada subida, tudo ficava mais íngrime. tornava-se cada vez mais difícil. mais era difícil não olhar para os lados e não se admirar com aquele cenário. era tudo muito lindo. mais aquela escalada testava os nossos limites. então, dois amigos ficaram pelo meio do caminho e esperaram um novo guia para retornarem. não desistiram, apenas sabiam que só poderiam ir até ali. já não dava mais para eles. outra menina sim, esta desistiu. tinha medo de altura. mal sabia ela que eu também tinha. só não me lembrava disso. aquela sensação de aventura tomava conta de mim. foi quando o guia disse que tínhamos chegado ao ponto mais complicado daquela jornada. tinhamos que passar por uma 'quase' fenda, estreita... próximo a queda. era olhar para o lado e vê o nada, ou melhor, o espaço sem ter para onde se apoiar. eu não sabia voar. tomei cuidado. estava com uma mochila. tentei passar. a mochila prendeu no teto. recuei e a coloquei na minha barriga. dessa vez, foram minhas costas que arranhavam na pedra. pensei em parar, mas voltar já era muito difícil e muito mais perigoso, quer dizer, não era mais possível. então, num impulso, comecei a jogar a mochila pedra por pedra e subia, jogava a mochila e subia, jogava e subia. quando olhei e vi o que tinha feito me assustei. olhava para os outros. todos estavam admirados e me chamando de louco. com certeza, em condições normais, não faria aquilo. contínuamos. a caminhada tornava-se mais leve. suava, tinha sede. e toda a água que bebia, transpirava pela pele. era incrível. aquilo era demais pra mim... CONTINUA...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Viagem a São Raimundo Nonato I

o calor era tão insuportável que me fazia sentir saudades daquele cruzamento das avenidas Miguel Rosa e Frei Serafim às duas horas da tarde. mas não era só isso. tudo que eu via me incomodava. a miséria estava diante dos meus olhos. casas de taipa, ruas sem calçamento, crianças no meio da rua, cachorros, animais... a cidade se confundia, de repente, era um deserto, às vezes, parecia um pequena vila... a cidade parecia abandonada, e de fato estava... aquilo tudo já estava me assustando. tudo que eu via me fazia mal. nunca estive tão próximo de um ambiente tão miserável quanto aquele. mas sentia sede e não havia água. sentia fome. e lembro bem do lugar em que almoçamos: o sal que temperava a carne estava no chão próximo a uma cadela, que mais parecia uma leitoa (imagine as condições do tal ambiente), lembro das linhas penduradas no teto segurando sacos d'água para afugentar as moscas... mas lembro que o local era um tanto repugnante. lembro bem do cara sentado na calçada da "churrascaria" dizendo 'esse b... é um cara de sorte, nunca que ele recebeu tanta gente, e só mulher e rapaz de fora, tudo turista". e o suor daquele cara tornou o gosto daquela comida um tanto mais saborosa. aquele era o retrato da necessidade... o sabor daquela comida estava repleto do tempero mais importante: a fome. nós estávamos famintos. e isso nos bastava. então fomos ao berço do homem americano. o caminho era um pouco mais afastado da cidade. nós ainda estávamos na cidade.(que cidade era aquela!!!!). poeira... o clima quente e insuportável tornava tudo mais difícil. os galhos secos, retorcidos pareciam querer nos agredir. e os que os meus olhos viam era um ambiente hostil... ultrapassar aquilo tudo seria um verdadeiro sacrifício. tinha sede, e não havia água. apenas terra, poeira e aqueles galhos que nos fitavam querendo nos expulsar. imaginava o desespero de todo aquele povo... fome, sede e todo aquele calor insuportável. estávamos em novembro e já fazia meses que não chovia por ali. a terra rachada... meus problemas pereciam tão pequenos perto daqueles que eu via. eu estava no sertão do piauí. e tudo aquilo que eu via era assustador. o ambiente seco, quente, hostil, desagradável, desumano. eu não queria estar ali. eu não sabia mais o que eu estava fazendo ali. tudo o que eu via me pertubava. abria os olhos cada vez mais. era a parte da realidade que eu não conhecia... CONTINUA...