sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eduardo e Mônica

De todos os medos que tinha, o maior era o de não amar. A vida havia lhe mostrado o quanto era ruim amar e não ser amado. Ser correspondido, essa sempre foi a sua busca. Um dia aconteceu. Ele não esperava e nem sabia que era aquilo que ele procurava. Percebeu aos poucos, um pouco de cada vez, um pouco a cada dia. A sua vida ficou mais intensa, o céu mais azul, o ar mais puro, o riso mais solto, a solidão menos só... Cada ato, cada gesto revelava. E aquilo que era mágico aos seus olhos, talvez não o fosse aos olhos dos outros. Não importava, estava tão entregue. Mas havia um problema: queria ser correspondido. Sempre soube que era, mas também sempre teve medo de não ser. E quando sentiu medo, fugiu. Fugiu e se perdeu. Perdeu-se de si e de todos. Fechou-se, mas não por inteiro. Refugiou-se em um abrigo protegido por dois guardiães que o foram sem mesmo saber. Então, em um dia de chuva, resolveu sair do abrigo. Não poderia passar o resto da vida lá, pensou. Molhou-se e vagou sem rumo, e só. Voltou para sua casa e sentiu frio, muito frio. Estava só. E na sua solidão descobriu o seu maior medo. Não era perder o amor que era seu; não era perder a mulher com a qual sempre havia sonhado, pois isso já havia feito no dia em que teve medo de não ser correspondido. O seu maior medo era o de não amar, era não entregar o amor que sempre guardou a quem lhe era destinado. E por medo, encontrou um "pouco de coragem?" e foi entregar o amor que já não era mais apenas seu.
- Por que você demorou tanto pra voltar?
E ela o abraçou enquanto ele chorava em seus braços.

"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?"
(Legião Urbana, Eduardo e Mônica)