segunda-feira, 20 de abril de 2009

sobre a raposa

como já disse anteriormente: fiquei encucado com o encontro da raposa com o pequeno princípe. tudo porque acredito que não existem coincidências. ele usou a serpente (decifra-me ou te devoro?)... e usou a raposa. por que a raposa? é a pergunta que me fazia. "não sei. acho que não deve haver nenhum motivo especial para isso..." talvez fosse essa a verdade, mas resolvi encontrar uma na qual eu acreditasse.

“Semper peccator, semper justus”
Germaine Dieterlen resume a idéia que a sabedoria africana faz desta personagem.

E acrescenta: "Independente, mas satisfeito com a existência; ativo, inventivo, mas ao menos tempo destruidor; audacioso, mas medroso; inquieto, astucioso, porém desenvolto, ele encarna as contradições inerentes à natureza humana".
Em inúmeras crenças no Extremo Oriente, acredita-se, às vezes, que a raposa possui o elixir da vida, ou então que ela dá origem a possessões demoníacas.
"Refletindo como um espelho as contradições humanas, a raposa poderia ser considerada como um duplo da consciência humana. Os chineses afirmam que é o único animal a saudar o nascer do sol: ele dobra as patas dianteiras e se prosterna. Procedendo desse modo durante diversos anos, é então capaz de se transformar e de viver no meio dos homens, sem despertar sua atenção: reflexo num espelho, tantos são os homens-raposas sob o sol".

No encontro com a raposa, o princípe aprendeu a perceber a alma nos relacionamentos, a se deixar penetrar por ela, a cativar e ser cativado. A raposa com sua astúcia e sua capacidade de espelhar a alma humana nos coloca em contato com o nosso íntimo. Foi o que aconteceu com o pequeno princípe. Ele conheceu o invisível, o essencial. E, então, muitas coisas passaram a fazer sentido.
A raposa ensinou ao princípe sobre criar laços. A raposa convidou ele ao envolvimento. Desejou ser marcada na sua personalidade, assim como marcou a sua na dele.

"Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada.
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo."

O que quero dizer é que descobri que existem raposas por aí e é maravilhoso quando as encontramos (não é algo fácil de se vê).

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