terça-feira, 28 de julho de 2009

no meu casulo...

já faz tempo que não vejo a luz do sol. resolvi ficar trancado no meu quarto por esses dias. um plano audacioso a que tenho me dedicado, que vem me exigindo muito. agora, que escrevo estas palavras, me revelo cansado. e então vejo como venho sendo fraco. faz poucos meses a que venho bolando estratagemas de guerra com o intuito de uma vitória que, se Deus quiser, logo vai chegar.
o fato é que meus pés estão mais brancos que neve. culpa do sol que não entra no meu quarto. bem que eu avisei a minha mãe para não fazer essa varanda, na janela do meu quarto, porque assim não teria sol para clarear este meu canto. mas deixa pra lá.
hoje, mais uma vez, não sai de casa... e também não vi o sol.
olhando pra trás, lembro que ano passado uma hora dessas estava no mundo, via o sol...
hoje eu não sai de casa e não conheci ninguém...
quem me dera ser uma planta, não sai do lugar e transformar luz em ar!
mas se não é assim, então, que eu seja uma lagarta no casulo prestes a virar borboleta.

P.S.: um fato curioso é que a borboleta não pode ser ajudada na saída do casulo, pois uma vez ajudada ela jamais poderá voar. Concluiu-se que a borboleta precisa sair do casulo sozinha, pois é através deste esforço que ela faz com que o fluído vital chegue ao extremo das suas asas, permitindo que ela possa voar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

feliz dia do amigo!

ontem a noite encontrei um amigo de infância. a vida nos deu rumos diferentes.
ele estava lá, meio bêbado, um pouco sujo... eu estava com meus primos, minha namorada...
fui ao seu encontro e lhe dei um abraço. era só isso que ele queria. queria pouco.
queria apenas que eu demonstrasse que eu não o havia esquecido.
ainda naquele dia iria me lembrar dele por algumas vezes. como ele tinha mudado!!!
conversamos um pouco, não tanto quanto deveríamos. talvez fosse constrangedor demais...
hoje éramos dois estranhos. mas o carinho que foi plantado naquele passado fez com que o abraço que demos um ao outro fosse marcante e verdadeiro.
ele falou que eu não havia mudado nada. falou algumas palavras no meu ouvido e sorriu.
- a gente tá distante, né? mas eu gosto muito de ti cara... eu te considero... tu sabe? a gente veio da mesma árvore, só que o vento levou a gente pra lados diferentes... mas é isso mesmo mudou o tempo, mudaram as circunstâncias...
talvez ele tenha razão... a gente mudou, mas o carinho permaneceu vivo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

ele havia passado o dia inteiro com ela. pensou ser o suficiente.
mas não era para ela, que o fez um convite:
- vamos andar de mãos dadas esta noite também?
ele estava cansado, precisava respirar. e respondeu (perguntando) timidamente:
- estou cansado. a gente andou muito essa tarde. adoro estar contigo e você sabe disso, mas ficaria muito chateada se eu não fosse?
ela, claro, queria que ele fosse, mas deixou que ele tomasse a decisão.
- quando você voltar, venho te encontrar.
assim, ela foi caminhar esperando que ele mudasse de idéia. ele não mudou.
o tempo passou. e a noite se tornava misteriosa. ela demorou na caminhada. ele já havia descansado e já queria vê-la. o tempo passava e ela não voltava.
já era tarde quando ele resolveu ir atrás dela.
- o que houve? fiquei esperando você voltar.
- caminhei demais. estava cansada, então, resolvi sentar aqui e descansar um pouco. não ia demorar mais. por que não me esperou?
ele só queria respirar um pouco, mas ficou sem ar quando se viu longe dela.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

a gente tem que entender...

"A essência do verdadeiro amor é como apreciar uma borboleta, estando sentado na grama de um parque. Ela pousa na sua mão, e esse momento é mágico - mas se você quiser perpetuar este momento, e agarrá-la para si fechando a mão devido ao seu apego e egoísmo, você a mata.
Amar verdadeiramente é apreciar o momento presente, enquanto a borboleta está ali - pois, se para ela for melhor voar para longe, a maior prova de amor é deixá-la ir, para que ela alegre outros seres além de você, compartilhando este momento fabuloso."

(Lama Tsering, ensinamentos de Novembro de 2004)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

no ônibus

"não se anda por onde gosta, mas por aqui não tem jeito, todo mundo se encosta..."

era 19h30, rostos cansados, o desânimo era nítido. era uma sexta-feira. todos queriam chegar o mais rápido possível em casa e tirar o sapato que apertava o calo.
mas eu olhei para ela. e passei a viagem inteira a observá-la. ela já tinha seus trinta e poucos anos. formada em inglês, mas hoje faz outro curso com perspectivas financeiras melhores para o seu futuro. ela é solteira, não namora. e sente-se muita solitária. não tem muitas amigas, nem amigos. não gosta de sair. talvez seja o patinho feio da família. aprendeu com o casamento do seus pais que mulher não pode depender de homem. assim cuidou em seus estudos e esqueceu do seu lado afetivo. bem sucedida profissionalmente, mas não em termos de $$. e isso de uma certa forma a incomodava. todas as suas irmãs casaram. hoje são felizes, tem filhos e prosperaram economicamente na profissão, mesmo começando tardiamente. e ela ainda ralava muito, enfrentando esse ônibus lotado.
o que me chamou atenção nela foram o seus movimentos no corredor do ônibus. no meio de todo aquele sufoco, ela ainda teve astúcia para fazer um pequeno jogo de sedução. e eu, pude assistir a tudo de camarote. ela se aproximou lentamente de um homem e logo comentou sobre a lotação do ônibus. era o início da longa conversa que duraria toda aquela viagem. eles conversavam coisas simples, sobre trabalho. ela procurava um assunto em comum, procurava afinidades. ele, tambem, entendeu. e deixou-se levar pela conversa.
mas era o olhar dela que chamava atenção... ela olhava para ele e parecia pedir ajuda... como se quisesse que ele a arrancasse dali e voasse junto com ela. queria sentir o amor que nunca experimentou. ela se encostava nele e sorria. ele tinha intenções, mas não as mesmas. as deles eram mais maliciosas, e ela era ingênua. ele era casado. e ela descobriria isso depois. mas não adiantaria mais, ela já tinha se entregado aquele homem do ônibus como se fosse a sua ultima chance.
se antes ela chorava por não ter um amor, talvez me pareça que o sofrimento terá outro motivo. eu queria avisá-la, mas não podia quebrar aquela cena.
foi quando ela olhou pra mim, e percebeu que eu sabia de tudo. envergonhou-se, afastou-se dele, pronunciou poucas palavras. a conversa meio que se encerrara.
mas ela teria outros ônibus. e desta vez eu não estaria lá para atrapalhar.
eu havia me atrasado, e só por isso peguei aquele ônibus.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Me deixa!

eita!!!! que essa onda não passa meu!
quando a maré não tá pra peixe.... vou te contar....
puta que pariu!!!! tem hora que a gente fica puto.
como é que pode rapá?
a gente tenta fazer tudo direitinho e nada.
podia largar tudo isso de mão!!!
é foda!!!!
...
tem que ter calma nessas horas.
tem que ter muita calma.
porra!!!
é foda!
...
calma rapaz, calma! o que não pode é se desesperar.
tu não confia em tu não??? ... pois então rapaz...
deixa disso!!!
levanta essa cabeça, e vamo em frente.
tu tá só?
pois então...
deixa de besteira.
respira e vamo!!!!

"eu ia explodir,
eu ia explodir,
mas eles não vão ver os meu pedaços por aí...
(...)
Podem os homens vir que
Não vão me abalar
Os cães farejam o medo,
Logo não vão me encontrar
Não se trata de coragem
Mas meus olhos estão distantes
Me camuflam na paisagem
Dando um tempo, tempo, tempo
Pra cantar"

sexta-feira, 3 de julho de 2009

papéis invertidos

ele queria ter ligado ontem, mas não ligou. então, hoje, disfarçando o desespero, ele liga para ela.
ela atende com o carinho de sempre, mas logo comenta:
- fiquei esperando que você me ligasse ontem. o que aconteceu? você não sabe que eu preciso muito de você? ainda mais agora...
ele poderia ter dito várias coisas, mas disse apenas a verdade ("camuflada"?):
- ontem passei o dia correndo, muita coisa por fazer... aí quando terminei tudo, fiquei pensando se devia te ligar. e eu queria, mas achei melhor não. já era tarde, não queria te incomodar. (um daqueles conflitos entre pensar e sentir)
- você pode me ligar sempre, na hora que quiser _ respondeu ela.
o tempo passou. eles se falaram mais uma vez pelo telefone. dessa vez, foi ela quem prometeu ligar. só que o dia passou, chegou a noite e nada. ele não queria acreditar, queria ligar, mas não ligou.
"O que terá acontecido?" pensava ele.
mas ele não ligou. e dormiu com o telefone ao seu lado, esperando acordar assustado no meio da noite com a ligação que ele tanto esperou naquele dia.
ele não acordou na madrugada. o telefone não tocou. ela não ligou.
no outro dia, acordou pensando o que teria acontecido.
ela ligou pra ele e explicou tudo.
ele entendeu o que ela disse e sentiu o mesmo que ela sentia quando ele não ligava para ela.