segunda-feira, 31 de maio de 2010

Metade

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito,
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
e a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
ainda que distante.
Porque metade de mim é partida,
e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também!
Oswaldo Montenegro

3 comentários:

Luana Gabriela disse...

Hey, eu adoro esse texto dele.
E não é só metade, é o texto inteiro.

Bjos

Anônimo disse...

Metade do tempo eu tento te entender,e a outra metade eu formulo hipóteses...hehe bjos!

The Scientist disse...

oi anônimo!
tudo bem?
depois vc me dá dicas de quem vc seja?
logicamente se não preferir mais manter o seu anonimato.
abraço