quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Viagem a São Raimundo Nonato - parte II

estávamos indo para o sítio da pedra furada. finalmente ia conhecer o que se chama de os primórdios da civilização americana. no ônibus, o ar condicionado quebrado fazia com que sentissemos ainda mais o calor daquele lugar. pela janela observava aquela mata seca, cinza, aquele chão rachado. algumas vezes avistava um pouco de verde. parecia que não havia vida por ali. o homem teimava e desafiava o insuportável. a vida ali era extremamente complicada. quando, de repente, vi um grande paredão. ele era lindo. dava um grande realce naquele lugar inóspito. o sol refletia e iluminava ainda mais aquela região. e aquecia mais também. finalmente, chegamos ao local programado. os guias nos propuseram realizar um tour apenas para conhecer as paisagens naturais. quando nós pulamos aquela cerca, devia ter imaginado o que aconteceria. subimos alguns degraus naturais. dávamos início a uma escalada. formamos grupos de 10 e subimos. aquilo parecia ser complicado. cada vez mais longe do chão. tudo aquilo tornava-se, agora, um grande desafio. queríamos testar os nossos limites. dizem que o sofrimento aproxima as pessoas. era verdade. a cada subida, tudo ficava mais íngrime. tornava-se cada vez mais difícil. mais era difícil não olhar para os lados e não se admirar com aquele cenário. era tudo muito lindo. mais aquela escalada testava os nossos limites. então, dois amigos ficaram pelo meio do caminho e esperaram um novo guia para retornarem. não desistiram, apenas sabiam que só poderiam ir até ali. já não dava mais para eles. outra menina sim, esta desistiu. tinha medo de altura. mal sabia ela que eu também tinha. só não me lembrava disso. aquela sensação de aventura tomava conta de mim. foi quando o guia disse que tínhamos chegado ao ponto mais complicado daquela jornada. tinhamos que passar por uma 'quase' fenda, estreita... próximo a queda. era olhar para o lado e vê o nada, ou melhor, o espaço sem ter para onde se apoiar. eu não sabia voar. tomei cuidado. estava com uma mochila. tentei passar. a mochila prendeu no teto. recuei e a coloquei na minha barriga. dessa vez, foram minhas costas que arranhavam na pedra. pensei em parar, mas voltar já era muito difícil e muito mais perigoso, quer dizer, não era mais possível. então, num impulso, comecei a jogar a mochila pedra por pedra e subia, jogava a mochila e subia, jogava e subia. quando olhei e vi o que tinha feito me assustei. olhava para os outros. todos estavam admirados e me chamando de louco. com certeza, em condições normais, não faria aquilo. contínuamos. a caminhada tornava-se mais leve. suava, tinha sede. e toda a água que bebia, transpirava pela pele. era incrível. aquilo era demais pra mim... CONTINUA...