sábado, 28 de março de 2009

Coisas que você pode dizer só de olhar para ela




Este é o título do filme, que marca a estréia nos cinemas, de Rodrigo Garcia (2000). Confesso que não foi minha primeira opção na hora da locação; o título e o fato de ser filho de Gabriel Garcia Márquez foram fundamentais na escolha. E que grata surpresa! O filme é belíssimo, de uma sensibilidade incrível. E parece que realmente o diretor viu bem a alma feminina (este fato revela isso: o roteiro encantou tanto as atrizes do filme que elas concordaram em fazê-lo por um preço abaixo do seu cachê habitual). O fato que mais me chamou a atenção é que vidas comuns são tratadas no filme. E isso faz a gente refletir sobre a nossa própria vida. “A minha vida é tão comum que jamais daria um filme”, acho que muita gente já se pegou dizendo isso, inclusive eu. O filme nos mostra exatamente o contrário. Provavelmente, vamos nos identificar ou reconhecer alguém em alguma cena. São cinco capítulos, ou melhor, contos que nos revelam um pouco da alma feminina. Esses contos são interligados de maneira que achei bastante interessante: uma mulher que supostamente cometeu suicídio (não digo mais que isso). Em todos, existe um conflito entre dedicação e perda que acaba por unir todas as mulheres da trama; seja a médica solitária que cuida da mãe doente ou a irmã que sacrifica a sua vida pessoal para cuidar da sua irmã cega, dentre outras que formam esse painel sobre a “solidão” feminina. O filme é um tanto lento. As coisas acontecem no tempo certo ou podem não acontecer (talvez isso incomode, mas o resultado é lindo). Caminhos não são mostrados claramente, não dá pra saber com certeza o destino de cada uma dessas mulheres: o diretor nos dá apenas pistas. Com um final belo (e também triste), fica a nosso critério imaginar o que aconteceu.

"Bem... só um idiota especularia a respeito da vida de uma mulher. Talvez ela só estivesse cansada de tudo... de ligações nunca atendidas, ... de promessas que nunca foram cumpridas, de tropeçar na mesma pedra. Acho que jamais saberemos o que se passou na cabeça dela. Mas tudo bem. Estas são as coisas que não podem ser compartilhadas"
(fala de Cameron Diaz que interpreta uma jovem cega no filme)

Ah! as atrizes deram um show! Não dá pra saber quem foi melhor!

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