segunda-feira, 22 de março de 2010

Caso Isabella Nardoni: o julgamento

Começou hoje o julgamento de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá. Os dois são acusados pelo Ministério Público pela morte de Isabella Nardoni. Segundo o promotor Francisco Cembranelli, trata-se de um homicídio triplamente qualificado. Para matar a menina o casal empregou meio cruel para impossibilitar a defesa da vítima, com o objetivo de garantir a ocultação de crime praticado anteriormente. Para Cembranelli, a madrasta de Isabella agrediu e esganou a criança, e Alexandre, a jogou pela janela do sexto andar. Além disso, os dois também são acusados de fraude processual, pois teriam modificado a cena do crime (lavado as manchas de sangue de Isabella no apartamento).

Entenda o caso
No dia 29 de março, Isabella Nardoni foi encontrada morta no jardim do prédio em que o pai mora. A menina vivia com a mãe, mas a cada 15 dias o pai a visitava. logo após a constatação da morte de Isabella, Alexandre prestou depoimento no distrito policial e afirmou que, naquela noite, chegou ao edifício de carro, com a mulher e os três filhos dormindo. Ele disse que: levou Isabella para o apartamento, colocou a menina na cama e a deixou dormindo, com o abajur ligado, para voltar à garagem e ajudar a mulher a subir com os dois filhos do casal; que quando voltou percebeu que a luz do quarto de Isabella estava acesa, que a grade de proteção da janela tinha um buraco e que a menina havia desaparecido; que em seguida, percebeu que o corpo da menina estava no jardim; disse suspeitar que a filha pudesse ter sido atirada do prédio por algum desafeto seu ou algum ladrão.
Peritos do Instituto Médico Legal - IML, ao analisarem o corpo da menina, acharam lesões incompatíveis com a queda. Surgiram, então, suspeitas de que Isabella tivesse sido agredida antes de cair da janela ou mesmo que ela não tivesse caído, mas sido deixada no jardim, depois de espancada.
O delegado Calixto Calil Filho, responsável pela investigação, ouviu mais de dez pessoas antes de pedir que a mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, prestasse depoimento. Poucas horas depois de ouvir a mãe de Isabella, o pedido de prisão temporária contra o pai e a madrasta da menina foi protocolado na Justiça de São Paulo.
O juiz Maurício Fossen decretou a prisão de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá por 30 dias e decretou também o sigilo sobre as investigações. Os motivos da prisão, portanto, não puderam ser divulgados.
Depois disso foram impetrados 6 pedidos de Habeas corpus em diversas instâncias e todos foram negados. Desta forma, os acusados permaneceram no presídio de Tremembé até a presente data.

O Julgamento
O conselho de sentença é formado por 7 pessoas. Após sorteio, ficou definido que o conselho será composto por 4 mulheres e 3 homens.
O julgamento contará com a participação de 22 testemunhas (16 de defesa e 6 de acusação). A grande maioria delas tem como característica em comum o fato de terem participado das investigações: peritos, chefes de investigação, policias. As demais testemunhas são: 1 jornalista (escreveu matéria declarando que o pedreiro havia dito que um ladrão havia entrado pelo prédio vizinho) , pedreiro (havia dito que 1 ladrão havia entrado pelo prédio vizinho e depois desmentiu), 1 vizinha de frente do prédio (disse que ouviu grito de "pára" "pai") e a mãe de Isabella.

Minha opinião
Faz quase 2 anos que o fato aconteceu. Fácil perceber que houve uma demora para que o julgamento se realizasse. Acredito que essa demora foi favorável à defesa dos acusados simplesmente pelo fato de que estes, agora, serão ouvidos de uma forma "mais próxima de uma imparcialidade". Muito embora ainda exista um pré-julgamento desfavorável ao pai de Isabella e a sua madrasta decorrente do sentimento de impunidade e das notícias veiculadas sobre o caso.
O júri será muito técnico. Não serão apenas os fatos que estarão em debate. Este será um pouco "mais amplo", pois não se sabe ao certo como se deram os fatos. Ou seja, defesa e acusação apresentarão versões diferentes sobre a morte de Isabella. Ah! Se os fatos fossem incontroversos!!!
Sinceramente, espero que não haja simplesmente uma busca por culpados. Não consigo imaginar que um pai faça isso com uma filha. Quer dizer, até consigo (nos tempos atuais, né?), mas não consigo imaginar, que após as agressões à menina, eles a tenham a jogado pela janela como forma de ocultarem os fatos que antecederam a queda. Isso para mim é um absurdo!
Pelo que se noticiou até agora não consigo acreditar na culpa de Alexandre Nardoni e de Ana Carolina Jatobá. E não acredito na culpa deles porque tenho uma predisposição para acreditar na bondade das pessoas. O que me pertuba é o que não foi dito.
A prisão foi decretada e mantida diversas vezes. O caso correu com o sigilo das investigações. Qual o motivo desse sigilo? Os atos processuais são públicos. Qualquer pessoa pode tomar conhecimento dos fatos. A exceção é o sigilo, e este só ocorre quando o interesse público o exigir ou para a preservação da intimidade dos envolvidos. Esta última opção é a que mais me convence.
Não sabemos o que aconteceu naquele dia e nem por quais motivos Alexandre e Ana Carolina foram presos. O que sei é que nós escutamos cada história nos dias de hoje... e isso me faz pensar e tentar imaginar o que poderia ter acontecido.
Sinceramente espero que os dois sejam inocentes, pois isso fortaleceria a minha crença de que as pessoas são boas neste tempo em que tudo me mostra que estou completamente errado.

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